quinta-feira, 20 de junho de 2013

Suspiro

As horas correm noite a dentro. Longe de tudo e de todos, seguimos.
Muitos quilômetros por hora para muitos quilômetros de estrada.
Nada mais importa, só a nossa liberdade. No horizonte as lindas luzes da cidade, vários pontos brilhantes cortando  escuridão.
Aqui, a emoção e o vento no rosto. "Mais rápido, mais rápido". Por falta de asas não estamos voando
Fomos rasgando a estrada com nossos corações a mil. Risadas se juntavam a velocidade e aquelas doses nos deixavam ainda mais leves. Somos jovens, o futuro nos pertence.
Já com os sentidos afetados avistamos um clarão, uma bela luz branca. Após, tudo se apagou.
Acordo com minha pele em meio ao metal. Há um enorme vermelho grudando a minha roupa no corpo e o fôlego me escapa. O carro está virado e não sinto as pernas. "Amor, você está bem ? Fala comigo !" Estava fria, calada. Seu olhar estava longe, estava completamente vazio. 
Ainda sem entender, não distinguia o sangue das lágrimas que caiam dos meus olhos. Só conseguia ver nossos sonhos, nosso futuro fundidos ao metal retorcido.
Já não havia mais dor.
Foi ali que lembrei de minha mãe me beijando todas as noites, das tardes, quando vovó preparava aquele bolo que tanto gostava. Por fim, me veio o dia em que a conheci, aquela que até no meu ultimo suspiro chamo de meu amor.
Eu só queria beija-la mais uma vez. Eu só queria. Eu só. Eu ...

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