quinta-feira, 27 de junho de 2013

Terror

Só conseguia correr, seu coração batia mais rápido que qualquer coisa que podia se imaginar, como se fosse pular do seu peito. Já estava sem rumo, passava por ruas, becos e vielas escuras jamais vistos. Esquerda, direita ou frente, não havia mais diferença. O sangue quase em ebulição não deixava sentir a garganta seca e o arder da pele.
E corria. Na sua fuga alucinada olhava pra trás várias vezes para ver se estava por perto. Quando diminuiu o passo, foi atordoado por um grito longo e desesperado. Então voltou a correr, ainda mais rápido. Estava sendo alcançado, vinha com passos longos e tão rápidos quantos os seus. Ao olhar mais uma vez, o viu de perto. Tinha braços longos e um pescoço curto. Não havia face. Sem olhos, nariz ou boca. Mas via, sentia e gritava, gritava muito. O corpo magro e negro, quase uma sombra causando horror por onde passava.
Grades e muros altos, onde arranhou os braços diversas vezes quando corria, onde gatos pretos chorando para a lua davam ainda mais o toque de filme de terror, naquela noite onde vultos passavam e se  perdiam diante dos olhos.
Continuava correndo, até não aguentar mais. Tomado pela exaustão, sentiu cinco dedos atravessando suas costas. Seguida de um grito apavorante, a mão rasgava sua pele e apertava seu peito. Já se engasgava com o sangue que subia pela garganta e aceitava o fim. Ao segundo golpe, ambos gritaram. Um assombroso tom de comemoração abafava o de uma dor agonizante. Ao terceiro golpe, viu uma luz branca tomar sua visão e tudo ao redor.
São oito da manhã. Atravessando a janela, os raios solares atingiam seu rosto. Acordou em sua cama chorando, suado e completamente sem fôlego. Sentia as pernas queimando e o peito doendo.
Ainda respirando fundo, olhou para a janela e sorriu. Chegou a conclusão que estava na hora de parar com os filmes antes de dormir.

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